sexta-feira, 6 de abril de 2012

2ª Cena Excluída

Hey guys! Voltei hoje com mais um pedacinho excluído de O Coração da Magia, sem muitas novidades ou spoilers presentes. Não me lembro de qual capítulo este trecho era especificamente, mas pra situar vocês esta cena aconteceria aproximadamente uma semana depois do incêndio que destrói por completo a Casa Azul. Nele, Sam leva Malena para ver os destroços, e ela acaba recuperando algo muito importante.
Por que essa cena foi excluída? Por duas razões, na verdade. A primeira é porque do jeito como ela foi escrita e colocada, a coisa que Malena recupera é achada por acaso, de modo que ela só se deu conta do que tinha perdido na hora que encontra. Vai fazer mais sentido quando vocês lerem o trecho, mas depois que eu li eu fiquei tipo "como ela não pensou nisso antes?". E segundo porque acabei utilizando esta visita com propósitos que haviam sido adiados sem um motivo específico, de maneira que todo o desenvolvimento do centro da trama tinha ficado meio jogado. Enfim, espero que vocês curtam :)
PS: Não leia este trecho se ainda não leu As Bruxas de Oxford



"Sam me fez o favor de não parar diretamente de frente pra minha rua, preferindo estacionar na esquina, de modo que eu pudesse me preparar psicologicamente pro que quer que tivesse sobrado ali. Ele desceu do carro, abriu a porta pra mim e me perguntou se eu tinha certeza; assenti que sim, mas por dentro não estava tão certa.
Mas se o que Toy havia dito era verdade, se havia mesmo uma chance de ter sobrado alguma coisa – mesmo que essa alguma coisa fosse apenas o baú das von Evans, e não alguma coisa de necessidade mais imediata -, então eu precisava verificar. Respirei fundo e tomei coragem antes de começar a andar em direção ao que era a Casa Azul.
Eu já sabia antes de chegar que não haveria nada para ver. Eu sabia que aquilo só ia me machucar e me trazer lembranças que iriam me fazer chorar. Eu sabia que não havia restado nada, mas mesmo assim, eu precisava ver. Andei cada vez mais rápido, virando a esquina pra minha rua sem nome e sem vida.
Ali estava. O buraco cheio das minhas memórias queimadas. Nem todos os escombros haviam sido removidos, e muita coisa ainda estava ali no meio: madeira, pedaços de telhas, móveis e eletrodomésticos queimados. Eu senti o choro preso na garganta quando parei e tentei reconstruir mentalmente o que costumava existir ali, aquele pedaço enorme da minha história que agora não estava mais lá.
Estava tudo destruído. Eu já sabia disso, é claro. Eu tinha presenciado, eu tinha visto e sentido a casa desmoronar. Mesmo assim, vê-la ali, completamente acabada, ver os destroços do meu próprio lar, era algo que doía além da mina consciência. Pisei num pedaço de madeira queimada, e ele se partiu ao meu peso. Ali, parada em frente a tudo aquilo, comecei a mover as coisas à minha volta.
Fui desenterrando as lembranças, fazendo-as voarem no chão e se atirarem para os lados. Por um momento, nem soube o que eu estava procurando. Um pedaço de mim, um pedaço de alguém, da melhor parte da minha vida? Alguma coisa que não tivesse sido levada com o fogo? Qualquer coisa, minha mente replicou. Eu precisava encontrar qualquer coisa que me provasse que o fogo não tinha levado tudo.
E então eu achei.
Primeiro, senti seu peso inexplicável, me forçando a colocar todo o meu esforço para erguê-lo. Então ele saiu do meio dos destroços, tão intacto como se tivesse estado protegido dentro de um casulo que o impediu de ser consumido pelo fogo. Quando o deixei desabar na minha frente, deixei escapar um enorme suspiro de alívio e felicidade, porque pelo menos aquilo tinha sobrado. Alguma coisa havia sido salva.
- O que é isso? – ouvi Sam perguntar. Tinha até me esquecido de que ele estava ali.
- É o baú das von Evans. – respondi, e como ele não pareceu entender, expliquei – As bruxas das quais eu descendo.
Ele assentiu e não falou mais nada. Eu não esperava que ele entendesse, de qualquer maneira. Sam, então, me ajudou a carregar o baú para o carro e depois nos levou de volta pra casa de Frida."

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