segunda-feira, 24 de setembro de 2012

As Irmãs von Evans - Parte 5

De novo, sinto muito por demorar tanto pra vir aqui postar! Tempo, tempo, sabem como é.
Nos trechos anteriores, acompanhamos a jornada das sete Irmãs que, após perderem os pais, viajam sem rumo e, logo em sua primeira parada, são abatidas por uma tragédia, quando a primogênita Jane é mantida em cativeiro e abusada por tentar roubar comida para alimentar suas irmãs. Com a ajuda de Zethi e Cecily, ela consegue escapar, mas não é de seu feitio deixar algo tão cruel sem resolução...




Dois longos dias se passaram. Enquanto suas irmãs trabalhavam exaustivamente, Jane, ainda se recuperando de seus muitos ferimentos, esperava e planejava. Sua alma estava furiosa, seu corpo ainda ardia em ira. Nunca tão fortemente desejara o mal de alguém.
Por dois dias, ela se contentou em arquitetar uma maneira suficientemente cruel de punir aqueles que tanto sofrimento lhe causaram. Crueldade era algo que sua mãe veementemente desencorajaria, mas Jane lembrava-se do senso inabalável de justiça de seu pai, que por tantos anos o mantivera no controle de sua tribo. Sangue se paga com sangue, ele sempre pregara. Dor se retribui com dor. Não há aprendizado se não houver punição.
Então, no terceiro dia, Jane preparou-se para punir. Mais uma vez, na calada da noite, voltou à casa do comerciante, mas desta vez, não foi sozinha. Deixou Zethi e sua bondade e piedade a serviço das mais novas, e levou Cecily e Elleanor consigo.
Juntas, invadiram a casa e surpreenderam a família em seu sono. Enquanto Cecilly fazia os preparativos, Elleanor cuidou das duas filhas e da esposa, e Jane fez questão de buscar pessoalmente o comerciante. Ele tremeu ao vê-la. Todos foram amarrados a cadeiras e amordaçados, enquanto Jane buscava pelo vilarejo o outro, de cujo rosto ela bem se lembrava. Ele trabalhara com ela na busca por ouro. Tinha uma esposa grávida. Ao fim daquela noite, não teria mais nada.
Logo, todos os seis estavam na cozinha do comerciante, a seu bel prazer. Cecily havia fervido óleo e preparado alguns instrumentos, mas Jane os rejeitou rapidamente. Queria que aqueles porcos nojentos a temessem não como humana, mas como bruxa. Ela tinha poder suficiente para fazê-los sofrer, fazê-los gritar. Pediu às irmãs que conjurassem feitiços que abafassem os sons da casa. Então, lançou-se a eles.
Começou pela moça grávida, cujo rosto ávido implorava por ajuda. Seus apelos e lágrimas não comoveram Jane. Colocou-a frente a frente a seu marido, e, sussurrando um feitiço, narrou a ela tudo o que ele lhe causara. Cada um dos ferimentos de Jane apareceram no corpo da jovem. Ela gritava em agonia, revivendo memórias e dores que agora lhe pertenciam, abusada pela magia, possuída pela dor. Sangue verteu-lhe pelas pernas, e ela gemeu alto, implorando a um deus que não veio atendê-la. Seu filho se esvaía pelo chão. Seu marido gritava.
Jane passou então às filhas do comerciante. As duas garotas que outrora cuspiram nela, agora pediam por misericórdia. Ela não iria atendê-las. Lançou suas mãos em garras em direção aos corações e gritou preces ao seu Senhor, partindo em milhares de pedaços suas almas, fazendo seus olhos sangrarem e suas vozes se perderem. Quando o toque cessou, estavam vivas, porém inertes, vegetativas, inúteis.
Para a esposa, Jane deu água. Deu-lhe de beber de uma caneca de barro, e assistiu enquanto ela engolia rapidamente. Então tocou seu pescoço, empurrando sua cabeça para trás, e assistiu enquanto ela se afogava no que acabara de beber, sufocando enquanto a água lhe escapava pela boca e pelas narinas.
Quando chegou a vez dos dois homens, Jane já estava exausta e sem paciência. O sol nascia, e sua criatividade - bem como sua magia disponível - estava no limite. Eles choravam como crianças, soluçando e tentando falar por sobre as mordaças. Por apenas um segundo, ela considerou deixá-los viver. Já havia punido-os fazendo com que assistissem suas famílias sofrendo, causando neles apenas uma ínfima parte da dor que eles a haviam causado. Ela poderia deixá-los ir agora.
Mas ainda não era o bastante. Ela estava no controle, pela primeira vez na vida. Totalmente no controle. Eles eram praga, e praga precisava ser exterminada. Eles não eram nada comparados a ela, apenas lixo e suor e desperdício de espaço e energia. Ela faria um favor ao mundo livrando-se deles.
Então as irmãs partiram e, sem olhar para trás, Jane ateou fogo à casa com apenas um estalar de dedos. Todo o poder do Senhor das Almas corria em suas veias. E ela nunca se sentira melhor.

[continua...]

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